Crise no Transporte Marítimo por Ataques no Mar Vermelho
O setor de transporte marítimo de contêineres enfrenta uma crise iminente devido aos recentes ataques dos houthis no Mar Vermelho. Philip Damas, da Drewry Shipping, sinaliza que as próximas semanas, especialmente antes do Ano Novo Lunar em 10 de fevereiro, serão desafiadoras devido ao aumento dos volumes de comércio. Os ataques forçaram os navios a desviar suas rotas habituais, aumentando significativamente as distâncias percorridas e limitando a capacidade de transporte de mercadorias.
Os ataques causaram uma diminuição acentuada no número de navios que passam pelo Canal de Suez, chegando ao menor nível desde o bloqueio causado pelo porta-contêineres Ever Given em 2021. A Inchcape Shipping Services relata essa redução como um indicativo do impacto profundo desses distúrbios no comércio global. Damas destaca que o período até o Ano Novo Lunar será particularmente difícil para as empresas de transporte de carga e para o transporte marítimo em geral.
Os houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, intensificaram ataques contra navios no Mar Vermelho como retaliação às ações militares de Israel em Gaza. Esses ataques provocaram grandes perturbações no comércio global, com empresas de navegação e petróleo suspendendo a passagem por uma das rotas comerciais marítimas mais importantes do mundo.
Contexto e Motivações dos Houthis
Os houthis, conhecidos como Ansarallah (Apoiadores de Deus), são um grupo envolvido na guerra civil do Iêmen. Surgiram na década de 1990 para representar os Zaidis, uma subseita do Islã xiita, e resistir ao sunismo radical, especialmente as ideias wahhabistas da Arábia Saudita. Após divergências com o governo do presidente Ali Abdullah Saleh, o movimento cresceu, especialmente após a Primavera Árabe em 2011.
Os ataques dos houthis ameaçam a economia global, já que cerca de 12% do comércio mundial e 30% do tráfego global de contêineres passam pelo Mar Vermelho. Grandes empresas de navegação como Maersk e Hapag-Lloyd suspenderam o trânsito na região, levando a um aumento nos preços do petróleo e do gás. Esses ataques podem resultar em rotas mais longas ao redor da África e aumentar significativamente os custos de seguro e transporte.