Em março, a inflação registrou uma desaceleração significativa em todas as faixas de renda no Brasil, com um alívio mais acentuado para as famílias mais ricas, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda revelou que entre as famílias com renda domiciliar superior a R$ 21.059,92, a taxa de inflação caiu de 0,83% em fevereiro para 0,05% em março.
Influência dos Setores de Alimentação e Educação
A redução da inflação foi influenciada principalmente pelos preços de alimentos e combustíveis, além de um impacto sazonal no setor de educação. Em fevereiro, tradicionalmente mês de reajustes nas mensalidades escolares devido ao início do ano letivo, houve uma pressão maior nos custos, que não se repetiu em março. Esse fator beneficiou especialmente a faixa de renda alta.
Diferenças Entre as Faixas de Renda
Para as famílias de renda mais baixa, com renda domiciliar inferior a R$ 2.105,99, a inflação também recuou, passando de 0,78% em fevereiro para 0,22% em março. Apesar da melhoria, os preços de alimentos continuaram a ser uma fonte de pressão. A técnica do Ipea, Maria Andreia Parente Lameiras, destacou que, embora tenha ocorrido uma desaceleração nos preços de alguns itens como cereais e carnes, outros como tubérculos, frutas, aves, ovos e laticínios ainda registraram aumentos.
Impactos no Setor de Transportes
O setor de transportes também desempenhou um papel importante na moderação da inflação em março. A queda nos preços das passagens aéreas, que foi mais relevante para a classe de renda alta, e a redução das tarifas de trem e do gás veicular, beneficiaram principalmente as faixas de renda baixa e média.
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O resultado acumulado em 12 meses mostrou que todas as faixas de renda experimentaram uma desaceleração da inflação em março. Lameiras observou que, embora a intensidade varie entre os grupos, os maiores desafios inflacionários continuam sendo nos setores de alimentação, habitação, transportes e saúde. A tendência indica uma divisão clara de como diferentes segmentos da população são afetados por variações nos preços, refletindo a necessidade de políticas econômicas que considerem essas diferenças.